Estresse e dor crônica
- giselle chassot Lago
- 15 de mar. de 2023
- 2 min de leitura

Não me baseio em qualquer estudo científico e, sim, na minha própria experiência para garantir: estresse e tensão pioram muito a condição de saúde de quem tem dor crônica. No meu caso específico, quase sempre desencadeiam crises bem complicadas em que até o cabelo dói (e isso não é figura retórica).
Eu sou do tipo que trava a mandíbula quando fica nervosa ou com raiva. E, quem é hipermóvel sabe: uma noite de mandíbula travada pode resultar em luxação. No meu caso, o resultado foi articulação deslocada e muita dor. E dificuldade para abrir a boca, mastigar... Eu tenho a famosa “mordida cruzada”, o que significa que meus dentes da arcada superior não se encaixam perfeitamente nos da inferior. Anos de aparelho não conseguiram corrigir o problema que, depois descobri, também tem relação com a tal da hipermobilidade.
Mas, voltando à crise... a dor nunca é localizada em algum ponto depois de um profundo episódio de estresse. Todo o corpo sofre. Foi assim a vida inteira. Lembro das pessoas dizendo que eu somatizava as minhas discussões, minhas experiências ruins, minhas dificuldades no trabalho. Ou que eu fazia isso para chamar a atenção, me fazer de vítima ou coisa do tipo e que a dor era “manifestação da minha frescura”. Houve momentos em que até eu acreditei nisso, porque, aparentemente, só acontecia comigo.
Com o diagnóstico, veio a certeza de que nunca foi frescura. E a disautonomia também atrapalha muito a relação com o estresse. De maneira que uma simples discussão pode resultar em muita, muita dor e alguma “peça” do corpo fora do lugar. Sempre vivi no ciclo estresse – dor – mais estresse – mais dor. Mas só há muito pouco tempo compreendi essa relação.
Tudo isso para dizer que é importante e, no caso de quem tem dor crônica, essencial que o paciente saiba compreender como seu corpo funciona. Como zebras que somos, cada um tem suas próprias listras. E ninguém melhor que quem sente literalmente na pele para saber o que provoca gatilhos e qual a melhor forma de lidar com eles. Com o tempo e o tratamento, aprendemos a nos autoanalisar. Facilita um bocado.
Pessoas mais tranquilas provavelmente têm menos crises de dor. Eu não sou uma dessas pessoas. Ter Ehlers-Danlos não combina com a minha personalidade elétrica. Por isso, quando dói, eu tento rir. Não se trata de positividade tóxica. É sobrevivência, mesmo.
Comments