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Respeito é bom e eu gosto

  • Foto do escritor: giselle chassot Lago
    giselle chassot Lago
  • 26 de jun. de 2023
  • 3 min de leitura



Estou em luta com meu plano de saúde desde o mês de abril para conseguir autorização para um bloqueio no meu ombro direito. Pra quem não sabe, é um procedimento feito em centro cirúrgico, que barra a sensação de dor (ou, no mínimo, a torna mais suportável). Já passei pelo processo há um ano (detalhe, o esperado é que dure seis meses) e foi um sucesso absoluto. Passei um ano mexendo meu braço como qualquer pessoa. Às vezes sentia dor, mas nunca insuportável. Pois bem: agora, preciso de um novo procedimento, já que os efeitos cessaram.


Depois de negativas, negativas parciais e juntas médicas, recebi do plano a orientação de que deveria procurar por um outro neurocirurgião – esse conveniado - para verificar a necessidade e a validade dos materiais a serem utilizados.


Fui à tal consulta, esperando que, com a validação do profissional, o procedimento seria autorizado. E aí, começa o desrespeito: marcaram a consulta à minha revelia, num horário arbitrado pelo plano. Eu, que preciso da autorização, larguei meu trabalho e compareci disciplinadamente.


Cheguei com bastante antecedência e fui informada de que o médico começaria a atender uma hora depois do meu horário marcado. O homem conseguiu atrasar 15 minutos além desse horário. Disse que estava operando e que a cirurgia atrasou. A explicação não batia com a que eu recebi anteriormente, mas fiz cara de paisagem e fui em frente.


O profissional, de uma forma inédita para mim, questionou quem iria me operar e por quê. Quando eu mencionei a Síndrome de Ehlers-Danlos ele me perguntou se eu tinha certeza do diagnóstico e quem havia feito. Informado, disparou: tem uma epidemia na cidade, né? O número de casos explodiu.


Como um profissional médico, neurologista funcional, pode desdenhar assim da dor do paciente e do diagnóstico dos colegas? Por que ele acha que esse sarcasmo é engraçado? Em seguida, em entregou um laudo escrito de forma bem descuidada, a ver pela quantidade de erros de digitação, informando que eu sou “capaz de entender” o que ele disse. Meu senhor, se tivesse prestado atenção e me tratado com respeito, saberia que eu tenho uma Síndrome causada por falha na produção de colágeno e, não déficit cognitivo.


A “autoridade” médica fez questão de dizer que não era perito, e que fazia o mesmo tipo de cirurgia encaminhada pelo profissional que me atende, mas era conveniado e, por isso, o plano mandava pacientes para ele. Ele pode fazer isso? O plano pode fazer isso?


Ele não encostou em mim, não viu meus exames, as imagens do meu ombro, nada. Se interessou apenas pelo laudo que a junta médica do plano fez e ainda disse que eles haviam sido bem complacentes, porque deram quase tudo que foi solicitado. Esperei uma hora e vinte minutos por uma suposta consulta que não durou dez. E olha que eu fiz questão de encher a autoridade de perguntas.


Munida do tal laudo mal escrito, voltei ao plano de saúde para perguntar o que deveria fazer e a resposta que recebi foi... a decisão da junta é irrecorrível. Eu fui submetida a essa humilhação e perdi uma tarde de trabalho com qual objetivo? Porque se foi para mudar de médico na marra (o meu é particular; eu pago, eles só precisavam pagar a parte hospitalar da coisa) , me encaminhando para um profissional arrogante, debochado e sarcástico, perderam o dinheiro da consulta arbitrária e me fizeram perder tempo. A dignidade eu não perco.


E o médico tão genial deveria ter percebido que eu não sou burra e compreendi perfeitamente o sarcasmo dele. Nisso, eu sou até melhor que o doutor, que sequer percebeu que eu compreendia perfeitamente deboche por deboche.


Só me arrependo de não ter gravado. Entrei achando que iria encontrar um perito. Saí com a certeza de ter me encontrado com alguém que se acha deus e a quem gostaria de ensinar que um diploma não dá a ninguém a titularidade suprema e o direito de ser cretino e achar que ninguém vai perceber. Respeito é bom e eu gosto, doutor.

 
 
 

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